Stalinismo
Stalinismo
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Stalinismo ou estalinismo é a designação coloquial do ramo da teoria política e do sistema político e económico socialista implementado na União Soviética por Josef Stalin e demais regimes semelhantes. Hannah Arendt descreveu o sistema como totalitário e esta descrição foi muito usada pelos críticos do estalinismo.
Críticos do Stalinismo afirmam que tal corrente é anti-Marxista; alguns afirmam que é totalitária e até fascista. Entre os acadêmicos marxistas, tal corrente (junto com outras) é chamada de marxismo vulgar, por ter incorporado à sua base ideológica pensamentos não originários de Karl Marx e, muitas vezes, até mesmo opostos.
Tabela de conteúdo[esconder] |
Características do Stalinismo
Os regimes classificados com o termo "stalinismo", seja sob conotação pejorativa (pelos críticos) ou, ao contrário, laudatória (pelos admiradores), apresentam determinadas características em comum com relação ao modo de conduzir a construção do socialismo e, principalmente, a segurança do Estado. Embora não sejam necessariamente todos adotados simultaneamente, são aspectos comuns do stalinismo, entre outros:
- radicalização da ditadura do proletariado e do regime de partido único;
- centralização dos processos de tomada de decisão no núcleo dirigente do Partido;
- burocratização do aparelho estatal;
- intensa repressão a dissidentes políticos e ideológicos;
- culto à personalidade do(s) líder(es) do Partido e do Estado;
- intensa presença de propaganda estatal e incentivo ao patriotismo como forma de organização dos trabalhadores;
- censura aos meios de comunicação e expressão;
- coletivização obrigatória dos meios de produção agrícola e industrial;
- militarização da sociedade e dos quadros do Partido.
Stalinismo e a Burocratização
Uma das medidas mais notáveis de Stalin foi a burocratização do Estado (centralização do poder nas mãos de poucos). Este é um dos pontos mais atacados pelos críticos da corrente, que acusam que Marx sempre fora contra tal centralização. Segundo esses críticos, Marx visava um Estado onde o poder estivesse com o proletariado, o que não aconteceu na URSS Stalinista, onde o poder estava centralizado à cúpula do Partido Comunista.
Stalin e o Socialismo Nacionalista
Outra crítica dos anti-Stalinistas é a idéia de nacionalizar a revolução socialista, ou seja, mantê-la na URSS. Este é outro ponto de divergência entre Stalin e Trotsky; este último defendia a internacionalização da revolução, ou seja, defendia que a União Soviética espalhasse sua revolução socialista pelo resto da Europa. Entretanto, os stalinistas argumentavam que era necessário primeiro consolidar o socialismo na URSS para que, a longo prazo, esta tivesse força suficiente para sustentar a revolução mundial. Segundo esta visão, caso os soviéticos se engajassem num conflito de proporções globais antes de conseguir proteger-se e defender-se dos inimigos capitalistas e fascistas, o socialismo nunca teria triunfado.
Críticos do governo de Stalin afirmam que esta é outra divergência desta corrente para a doutrina Marxista, que defende a união dos trabalhadores de todo o mundo para fazerem a revolução internacional.
Stalinismo no Mundo
Diversos governos socialistas implantados em outros países além da URSS, principalmente no período de 1945 a 1991, também foram diversas vezes classificados de "stalinistas", graças a determinados métodos políticos e econômicos empregados (ver Características acima). Entre eles, destacadamente, encontra-se o regime de Kim Il-sung e seu filho e sucessor Kim Jong-il na Coréia do Norte, através da ideologia oficial Juche. O ditador iraquiano Saddam Hussein, baseado na ideologia pró-socialista e secularista Ba'ath e admirador confesso de Stalin, tentou implantar um regime proto-stalinista no Iraque, embora não seja normalmente considerado stalinista.
O stalinismo em outros países, principalmente nos anos antes, durante e imediatamente após a Segunda Guerra Mundial (ou seja, das décadas de 1930 a 1950) esteve associado diretamente ao alinhamento automático às políticas de Moscou e do Komintern. Vários governantes destes regimes podem, assim, ser considerados stalinistas, como Mátyás Rákosi na Hungria, Georgi Dimitrov na Bulgária, Klement Gottwald na Tchecoslováquia, Bolesław Bierut na Polônia e Horloogiyn Choibalsan na Mongólia.
Outros regimes socialistas considerados stalinistas foram, ainda, o de Enver Hoxha na Albânia, de Pol Pot no Camboja e de Fidel Castro em Cuba. Já determinados governos, embora socialistas e autoritários, não se encaixam na definição de stalinistas por adotarem outras medidas econômicas e de alinhamento geopolítico distinto, como o regime de Nicolae Ceausescu na Romênia ou de Deng Xiaoping na China.
Entre os stalinistas mais recentes, podem-se citar Bernard Coard em Granada e Abdullah Öcalan, líder do Partido Comunista do Curdistão.
Desestalinização
O stalinismo no mundo inteiro sofreu um forte revés com a decisão do dirigente soviético Nikita Kruschov de renegar o legado de Stalin, no XX Congresso do PCUS (23 de fevereiro de 1956), ao "denunciar os crimes" que seu antecessor teria cometido durante as décadas de sua gestão à frente da URSS. Segundo o dirigente, os expurgos, os gulags, os campos de trabalho forçado, a fome e as execuções sumárias somadas teriam provocado a morte de milhões (cifras variam de 5 a 20 milhões de indivíduos) de cidadãos soviéticos.
Com as acusações de Kruschov, que também criticou o "culto à personalidade" dos líderes socialistas, militantes e partidos comunistas de vários países optaram por reavaliar o alinhamento às diretrizes de Moscou e a adoração a Josef Stalin, às vezes por autocrítica, outras por revisionismo. Este processo ficou conhecido como "desestalinização" e representou um declínio na expansão do comunismo internacional. Os comunistas ortodoxos e os militantes que permaneceram leais à memória do líder optaram por seguir a orientação de Mao Tsé-Tung na China e, mais tarde, a de Enver Hoxha e do comunismo albanês.
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